quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Respirar




O filho menor está morrendo
As filhas maiores soluçam forte
Caem lágrimas de pedra. Mãe querendo
Levar menino morto: feio de sofrer, cara da morte.

Desolação. Silêncio apavorando
Solo sem fim pegando fogo.
Não há direção. O sol queimando
Embrutece. Cabeça vazia de bobo.

Há quanto tempo? Famintos e sem sorte
A água pouca, ninguém pede nem faz menção.

Água, água, se acabar, vem a morte.
Estão irrigando a terra? É barulho de água? Alucinação.

Que Santo nos poderia livrar?
Reza de velho louco
Deus pode a todos castigar.
Que é que esse menino tem? Está morto.


Por: Cândido Portinari (1958)

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