segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Marxismo e Feminismo: Libertação sexual das mulheres



Final de ano. Hoje vou abrir mão de postar um texto autoral para citar Judith Orr, que escreveu um artigo incrível (Marxismo e feminismo hoje, 2011), relacionando o marxismo e o feminismo no que diz respeito ao papel da mulher na sociedade. Nesse estudo a autora desafia o sistema capitalista, luta contra as manifestações que oprimem as mulheres e ainda defende o ideal de uma sociedade livre de opressão e exploração. 

Vou destacar um trecho do artigo que aborda um dos assuntos mais interessantes no que diz respeito ao feminismo: A objetificação do corpo da mulher como forma de lucro, o que reforça estereótipos da passividade feminina na cama em uma cultura patriarcal, em detrimento de uma postura agressiva e insaciável incorporada aos homens, consumidores de todos os produtos que a sexualidade feminina rende para a indústria . Essa discussão da objetificação da sexualidade também nos faz refletir sobre a emancipação sexual da mulher e nos ajuda a desconstruir toda aquela ideia de que é "puta" a mulher que se satisfaz com sexo casual, e que o correto, na verdade, seria ter um único parceiro para cumprir o papel de esposa submissa, cristã e reprodutora.  Boa leitura: 
''Marxistas se envolveram em debates anteriores sobre pornografia e prostituição, mercantilização e libertação sexual, e temos muito a oferecer nos debates atuais. Marx escreveu sobre o processo de alienação, a habilidade do capitalismo de transformar partes intrínsecas de nossa humanidade em objetos alienados para serem comprados, vendidos e possuídos. Somos forçados a vender nossa habilidade de trabalhar se quisermos sobreviver. Então mesmo nossa sexualidade é transformada em algo alienado de nós. Uma nova liberdade de expressão, cuja luta foi difícil, é distorcida pelo sistema para transformar tudo em uma fonte de lucro. Libertação é transformada em seu oposto: mulheres são pressionadas para se conformarem em algo cada vez mais caricaturesco do que deveria ser 'sexy', enquanto homens são encorajados para ver a si mesmos enquanto indefesos prisioneiros de sua testosterona: sexualmente agressivos e insaciáveis. Então, quando falamos em lutar contra o novo sexismo, temos que deixar claro que somos favoráveis à genuína libertação sexual, por uma maior abertura sobre o sexo e a sexualidade. Não estamos com os Tories e outros que possuem uma agenda profundamente reacionária sobre a sexualidade e o papel da mulher na sociedade. Devemos nos distanciar daqueles que criticam o novo sexismo com ideias que pregam que a mulher deve ser acanhada e passiva quando se trata de relações sexuais ou procuram limitar a educação sexual em escolas ou impor censura. A censura permite aos juízes e políticos da classe dominante atuarem como árbitros do que é aceitável para lermos, assistirmos e produzirmos. Deixamos claro que somos contrários à grosseira mercantilização do corpo das mulheres, que é mostrada como confiança sexual.''  
Leia o artigo, na íntegra: Marxismo e feminismo hoje, por Judith Orr

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sábado, 21 de dezembro de 2013

Leitor invisível: A arte de escrever para si mesmo



Quando o assunto é a maneira com que expresso meus sentimentos e minhas ideias nas redes sociais, como uma forma de desabafo ou descarrego emocional, eu acabo apreciando a liberdade que tenho no Twitter e desprezando o Facebook. Eu realmente gosto da forma com que o Twitter permite que eu seja extremamente sincero, cínico e desagradável, visto que não tenho essa liberdade no Facebook, onde sou rodeado por pessoas mais íntimas que desconhecem o meu lado crítico e polêmico, e que podem se chocar ou questionar qualquer posicionamento que eu tome enquanto escrevo os meus textos. No Twitter o pessoal é bem mais tranquilo, aberto e deliciosamente indiferente. Eu falo, eles fingem que leem, e por isso não há nenhum tipo de represália. É uma sensação de escrever para o nada, ou para si mesmo. É uma jornada psicológica e profunda dentro da própria mente, uma atividade só sua, um desabafo. Não há nada mais reconfortante. Ás vezes ser ''ignorado'' faz bem para o coração...

Por: @FelipeTavares

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Inocência, morna e ingênua



''De repente, a gente vê que perdeu 
Ou está perdendo alguma coisa 
Morna e ingênua que vai ficando no caminho...'' 
Cazuza

Quando foi que a gente perdeu a capacidade de imaginar que todas as possibilidades estão ao nosso alcance? O tempo passa, e a vida vai ficando mais exata, mais chata; O bom de ser criança é não seguir nenhuma cartilha social, é ser pequeno e mesmo assim se sentir tão próximo das estrelas, a ponto de ter a certeza de que é possível tocá-las...Distância? Anos-luz? Isso é coisa inventada pelos adultos. Não caiam nessa!

O amor segundo F. Tavares...



Título interessante, mas afinal, quem sou eu pra falar de amor?
Completamente sem jeito pra lidar com emoções
Quando elas precisam ser compartilhadas com alguém
Sou um egoísta filho da mãe
Posso escrever os versos mais lindos
Mas eu os guardo pra mim
Não sei dividi-los
E nem estou apto a amar
Mas eu preciso que me amem, sabe?
Não posso retribuir o amor de ninguém
Mas me amem.
Desconsiderem a minha estranheza
Perdoem a minha insensibilidade
A minha estupidez
O meu egoísmo
E me amem.

Por: @FelipeTavares

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Os sentimentos da argila...


Um dos melhores  e mais profundos filmes que eu já vi na vida foi a animação (feita de argila, por sinal) Mary & Max - Uma Amizade Diferente, do diretor Adam Elliot, que conta a história de amizade entre dois correspondentes muito improváveis: Mary, uma solitária menina australiana de oito anos e Max, um senhor obeso e obsessivo de 44 anos que vive em Nova York. 

As cartas que os dois amigos trocam retratam temas profundamente humanos e delicados. Mary desabafa sobre a ausência do pai e os excessos da mãe alcoólatra, Max por sua vez, expressa por meio das palavras toda a sua solidão, falta de amigos e os sintomas sofridos pela sua "síndrome de Asperger". A animação, que nada tem a ver com aquelas da Pixar, é ousada e corajosa ao escancarar temas polêmicos e extremamente relevantes, ora com uma sensibilidade única, ora com um humor negro bastante peculiar. Essa improvável união resulta numa obra com um grau de sinceridade poucas vezes vista no cinema.


Além da abordagem, o que mais impressiona nesse projeto é a a expressão de tristeza, frustração e angústia estampada na cara dos seus personagens. Eles não passam de uma massinha de argila, mas o sentimento que transmitem é assustadoramente real e perturbador. Poucos atores conseguiriam ser tão viscerais assim. 


E o final do filme? É pura poesia. Mary & Max - Uma Amizade Diferente, recomendo.


Por: @FelipeTavares