segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O Sal da Terra: a arte de fotografar retratada no documentário franco-brasileiro indicado ao Oscar

"Minha fotografia não é militância, não é uma profissão. É minha vida. Adoro a fotografia, fotografar, estar com a câmera na mão, olhar pelo visor, brincar com a luz. Adoro conviver com as pessoas, observar as comunidade - e agora também os animais, as árvores, as pedras. Minhas fotografias são tudo isso, e não posso dizer que são decisões racionais que me levaram a olhar para isto ou aquilo. É algo que vem de dentro de mim. O desejo de fotografar está constantemente me levando a recomeçar. A buscar outros lugares. A procurar outras imagens. A tirar novas fotografias, ainda e sempre."Sebastião Salgado




O Sal da Terra

Direção: Juliano Ribeiro Salgado, Wim Wenders
Gênero: Biografia/Documentário
Ano: 2014
Origem: Brasil/França/Itália
Duração: 110 minutos
Sinopse: O filme conta a trajetória do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e seu projeto "Gênesis", cujo objetivo era registrar, a partir de imagens, civilizações e regiões do planeta até então intocados.




A fotografia, de acordo com o artista e teórico Philippe Dubois, não é simplesmente uma imagem, é também "um ato icônico, algo que não é possível conceber fora de suas circunstâncias. A foto é uma imagem-ato que não se limita apenas ao gesto da produção, mas que inclui o ato de sua recepção e contemplação". Dessa forma, a fotografia é o espelho do mundo, ela acompanha a transformação de uma realidade da qual ela faz parte. A produção e criação de uma imagem e a sua contemplação são os dois lados de um mesmo ato criativo. Em consonância com este pensamento, onde o ato de fotografar se apresenta quase como uma prática revolucionária, "O Sal da Terra" nos apresenta a obra e a genialidade do fotógrafo Sebastião Salgado. Este artista viajou durante os últimos quarenta anos pelo mundo todo, registrando os acontecimentos mais importantes da segunda metade do século XX.


Depois de fotografar durante anos os conflitos sociais mais terríveis do planeta e as suas consequências (fome, refúgio, massacres, revoluções, guerras e desastres), o artista embarcou em um ambicioso projeto para documentar a interação entre o homem e a natureza, a fim de apelar para o consciência de preservar os ecossistemas do planeta. Parece que é através da sua obra que Sebastião vai buscando o sentido da existência, questionando os aspectos mais obscuros da humanidade e tentando encontrar dentro das experiências mais cruéis e revoltantes aspectos de luz e de dignidade que permitem voltar a crer na humanidade. Essa busca se revela também em seu último trabalho, onde a natureza é a protagonista. A natureza, e o cuidado da mesma, é concebida como uma espécie de volta às origens e como uma possibilidade de redenção.


As reflexões sobre a arte da fotografia e em especial sobre o comportamento humano fazem desse documentário uma experiência visual, e também filosófica, extraordinária e chocante, como poucas vezes se viu no cinema. Vida longa ao Mestre!





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