sábado, 8 de dezembro de 2012

O culto às vitrines do shopping center





Atualmente, quando queremos buscar um lugar para descansar, logo pensamos em dar uma passada no shopping center, o templo do consumismo. Esse espaço, nomeado como “cidade artificial” pela socióloga da USP, Valquíria Padilha*, representa para o consumidor um mundo onde tudo é perfeito, o verdadeiro Universo Onírico, um lugar dos sonhos, o verdadeiro paraíso do ser humano. Paraíso esse que nos coloca cada vez mais como pessoas individualistas, que vai ao shopping apenas para saciar desejos pessoais e nunca o desejo coletivo. Além disso, essa cidade artificial acaba sendo uma  ilha inserida na cidade real e é tida como o refúgio da classe média, lá eles encontrarão o prazer do consumo e a segurança que não teriam comprando nas ruas. Esse espaço praticamente mascara as mazelas do mundo real e fortalece a sociedade individualista e narcisista, afastando as pessoas das questões sociais e da vida pública.

Hoje se fala em construção de shopping centers mais populares, voltados para as classes mais baixas, indicando uma lamentável segregação do espaço urbano. Isso ocorre em função do medo de misturarem ricos e pobres dentro de um mesmo espaço, porque quando o shopping fica democrático demais, como aconteceu no Ribeirão Shopping, seus donos se desesperam e criam medidas elitistas para reverter a situação, como cobrar pelo estacionamento e trazer lojas de luxo para a cidade artificial, resgatando, assim, o público de alto poder aquisitivo que tanto querem e desejam satisfazer.


*Valquíria Padilha, professora no Departamento de Administração da FEA-RP/USP,
  é especialista em estudos do lazer, doutora em ciências sociais pela Unicamp 
 e autora do livro "Shopping Center, a catedral das mercadorias".



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